Adeus à voz inesquecível: Ângela Ro Ro morre aos 75 anos, deixando legado marcante na MPB

A cantora, compositora e pianista Ângela Maria Diniz Gonsalves, mais conhecida como Ângela Ro Ro, faleceu no dia 8 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro, aos 75 anos de idade WikipediaWikipedia. Seu falecimento representa uma perda profunda para a Música Popular Brasileira, cuja voz marcante e intensa ficou para sempre na memória de fãs e colegas.


Carreira e legado artístico

Desde seus primeiros passos na música, Ro Ro desenvolveu um estilo único, com influências de ícones como Ella Fitzgerald, Maysa e Jacques Brel WikipediaWikipedia. Aos cinco anos, ela já se dedicava ao piano clássico e, ainda jovem, mergulhou na composição, revelando em canções sua intensidade emocional e autenticidade.

Seu álbum de estreia em 1979 — Ângela Ro Ro — tornou-se um clássico instantâneo da MPB, com sucessos como Amor, Meu Grande Amor, Gota de Sangue e Balada da Arrasada Wikipedia. No ano seguinte, o disco Só Nos Resta Viver consolidou seu impacto no cenário nacional ao ultrapassar 800 mil cópias vendidas, com destaque para Bárbara, composição de Chico Buarque e Ruy Guerra Wikipedia.

Na década de 1980, sua música permaneceu firme e contundente com lançamentos como Escândalo! (1981), com a faixa-título assinada por Caetano Veloso, e A Vida é Mesmo Assim (1984) Wikipedia. Seu temperamento intenso e sua presença pública muitas vezes se misturavam — gerando polêmicas, mas também reafirmando sua autenticidade Wikipedia.

Nos anos 2000, após um hiato, Ângela retornou com Acertei no Milênio (2000), cujo álbum trouxe composições marcantes e a consagrou como Melhor Compositora do ano pela APCA Wikipedia. Em 2013, lançou o álbum e DVD ao vivo Feliz da Vida!, produzido pela gravadora Biscoito Fino, além de inspirar um disco tributo, Coitadinha Bem Feito, com regravações por artistas masculinos Wikipedia. Em 2017, trouxe ao público o trabalho autoral Selvagem, reafirmando sua relevância criativa até os anos mais recentes Wikipedia.

Reconhecimento e trajetória

O legado vocal de Ângela foi reconhecido pela revista Rolling Stone, que a elegeu como a 33ª maior voz da música brasileira WikipediaWikipedia. Além disso, foi uma das primeiras cantoras assumidamente lésbicas no país — seu nome artístico faz alusão à forma rouca de falar que marcou sua personalidade Wikipedia.


Últimos momentos e saúde frágil

Em 2025, Ro Ro enfrentou um período difícil de saúde. Internada desde junho com uma infecção pulmonar grave, chegou a ser submetida a traqueostomia e passou por cuidados intensivos, além de ter sua saúde financeira exposta publicamente pela artista Correio 24 HorasO DiaVEJA+1.

Ela própria chegou a pedir ajuda financeira nas redes sociais, após manifestar que estava enfrentando sérias dificuldades, com renda mensal limitada e sem aposentadoria Rádio ItatiaiaO GloboCorreio 24 Horas. O episódio trouxe à tona a fragilidade enfrentada por muitos artistas da MPB, especialmente os independentes.


Homenagem ao ícone da MPB

Com sua voz potente, composição sensível e postura autêntica, Ângela Ro Ro deixa um legado musical imortal. Sua trajetória — repleta de altos e baixos — reflete a complexidade da vida na arte. Foi força, emoção, resistência e poesia em forma de som.

Para os admiradores, fica a saudade e a certeza de que seus discos continuarão tocando corações. Como escreveu uma fã nas redes:

“A versão dela de ‘Amor meu grande amor’ é a definitiva… impossível chegar perto.

Que seu som ainda ecoe em muitos sorrisos e lembranças. Descanse em paz, Ângela.

O Legado de Ângela Ro Ro: ousadia, autenticidade e impacto cultural

Parcerias e influências

Ângela Ro Ro sempre foi uma artista inquieta e aberta ao diálogo com outros grandes nomes da música. Suas interpretações únicas de composições de Chico Buarque, Caetano Veloso, Marina Lima e Cazuza marcaram gerações. Ao mesmo tempo, ela era reconhecida como uma das mais importantes compositoras de sua geração, influenciando artistas que surgiram nos anos 1980 e 1990.

Entre seus maiores sucessos autorais, estão canções que ainda ecoam como hinos de amor e desabafo: Amor, Meu Grande Amor, Gota de Sangue e Escândalo.


Autenticidade e polêmicas

Ro Ro nunca se encaixou em padrões. Sua personalidade forte e direta a levou a brigas públicas com gravadoras e até jornalistas, mas também reforçou sua imagem de mulher autêntica e sem medo de ser quem era.

Foi uma das primeiras artistas brasileiras a assumir publicamente sua homossexualidade, ainda nos anos 1970, em uma época de forte preconceito. Esse posicionamento foi fundamental para abrir caminhos para outros músicos LGBTQIA+ no Brasil.


Impacto cultural

A presença de Ângela Ro Ro transcendeu a música. Sua figura tornou-se símbolo de resistência, autenticidade e liberdade artística. Com uma voz grave e inconfundível, conquistou a crítica e os fãs, que viam nela uma intérprete intensa, capaz de transmitir dor, paixão e ternura em uma única canção.

Seu nome foi eternizado em listas como a da Rolling Stone Brasil, que a colocou entre as maiores vozes da música brasileira, consolidando sua importância para a história cultural do país.


O adeus a uma artista imortal

A morte de Ângela Ro Ro representa não apenas a perda de uma grande cantora, mas de uma figura que ajudou a moldar a identidade da MPB. Sua trajetória foi feita de altos e baixos, mas sempre marcada pela verdade — na vida e na arte.

Seus discos seguem como testemunho de sua genialidade e coragem. E, para os fãs, cada música será agora também um pedaço de memória e saudade.

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