A maternidade é uma experiência universal, mas vivida de formas muito diferentes ao redor do planeta. Enquanto em alguns países mulheres contam com políticas públicas de apoio, licenças remuneradas e acesso a sistemas de saúde de qualidade, em outras regiões a realidade é marcada pela falta de assistência, mortalidade materna elevada e ausência de direitos básicos.
Nos últimos anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) vêm destacando que a forma como a maternidade é vivida em cada sociedade reflete diretamente questões culturais, econômicas e políticas. A diferença de cenários chama atenção para os contrastes globais e para a necessidade de ações conjuntas que promovam maior equidade.
Mortalidade materna ainda é um desafio global
Segundo relatório da ONU de 2023, uma mulher morre a cada dois minutos por causas relacionadas à gravidez e ao parto. A maioria desses óbitos ocorre em países de baixa e média renda, especialmente na África Subsaariana e no Sul da Ásia, onde sistemas de saúde enfrentam graves dificuldades de infraestrutura.
Complicações como hemorragias, hipertensão gestacional e infecções pós-parto, que poderiam ser evitadas com acompanhamento médico adequado, continuam sendo as principais causas de morte materna. A desigualdade no acesso ao pré-natal, à presença de profissionais qualificados durante o parto e a medicamentos essenciais é um fator determinante para a disparidade entre países ricos e pobres.
Licença-maternidade: um direito desigual
Outro aspecto que evidencia as diferenças globais é a licença-maternidade. Na União Europeia, as mães têm direito a pelo menos 14 semanas remuneradas, podendo chegar a mais de 1 ano em países como Suécia e Noruega, que também incentivam a licença-paternidade para dividir as responsabilidades do cuidado.
Nos Estados Unidos, por outro lado, não existe uma política nacional que garanta licença remunerada para todas as mães. O benefício varia de acordo com a legislação estadual ou com o empregador, o que gera grande desigualdade entre mulheres de diferentes classes sociais.
Já em países em desenvolvimento, a situação é ainda mais delicada: muitas trabalhadoras informais não têm qualquer tipo de proteção legal, sendo obrigadas a retornar rapidamente às atividades após o parto.
Desafios culturais e sociais
Além das questões estruturais, fatores culturais também influenciam fortemente a experiência da maternidade. Em algumas sociedades, a pressão para que a mulher assuma integralmente o cuidado dos filhos limita sua participação no mercado de trabalho e em espaços de liderança.
No Japão, por exemplo, muitas mulheres relatam sentir-se obrigadas a escolher entre a carreira e a maternidade, devido às longas jornadas de trabalho e à falta de políticas mais inclusivas. Já em países africanos, é comum que o cuidado com os filhos seja compartilhado entre mães, avós e comunidade, o que gera uma rede de apoio mais ampla, apesar das dificuldades econômicas.
Em contrapartida, em regiões da Europa e da América Latina, movimentos feministas e sociais têm pressionado governos para ampliar políticas de apoio às mães e reduzir desigualdades de gênero, trazendo a maternidade para o centro do debate público.
Tecnologia e novas formas de maternar
A revolução digital também transformou a forma como a maternidade é vivida no mundo. Redes sociais, grupos de apoio online e aplicativos de saúde permitem que mães compartilhem experiências, tirem dúvidas em tempo real e tenham acesso a informações sobre gestação e cuidados com os bebês.
Essa conectividade tem sido especialmente importante para mães de primeira viagem, que muitas vezes enfrentam insegurança e falta de suporte presencial. No entanto, especialistas alertam que a exposição excessiva à internet pode gerar ansiedade, devido à comparação constante com padrões idealizados de maternidade.
O futuro da maternidade global
O debate sobre maternidade ultrapassa a questão individual e se conecta a temas globais como direitos humanos, desenvolvimento sustentável e igualdade de gênero. Garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade, licença remunerada e apoio social é visto como fundamental para o avanço das sociedades.
Organismos internacionais defendem que a maternidade deve ser tratada como uma prioridade de políticas públicas, não apenas pela proteção das mulheres, mas também pelo impacto direto na saúde e no desenvolvimento das próximas gerações.
Seja em países ricos ou em regiões em desenvolvimento, o fato é que ser mãe no século XXI continua sendo um desafio que exige equilíbrio entre responsabilidades, direitos e expectativas sociais. A forma como governos e sociedades lidam com esse tema refletirá diretamente no futuro da humanidade.